The Walking Dead S04E08 – “Too Far Gone”

***Alerta: post recheado de spoilers

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Por Rogério Lagos

E não é que depois de sete episódios mornos o clima voltou a esquentar em The Walking Dead? Os episódios iniciais desta quarta temporada, que culminaram neste mid season finale épico poderiam ter sido melhores, porém reconheço que foram necessários. Algo precisava acontecer naquela prisão. A série já estava em uma zona de conforto, digamos, bem desconfortável para os fãs. O surto de gripe e a volta do Governador – apesar da narrativa um pouco maçante – funcionaram bem como preliminar do inevitável: o fim da prisão e a segurança dos sobreviventes.

O Governador pode ter se esforçado, mas não mudou. Reconheço até que sua tentativa de ser um bom homem foi genuína (notamos isso principalmente por sua reação negativa, quando Hershel o chama de Governador no trailer), mas sua insanidade falou mais alto, mais uma vez. Principalmente quando se deu conta que havia uma chance realmente boa de se vingar dos sobreviventes da prisão. Sinto que o caolho jogou fora de vez seu alter ego pacificador quando cravou uma bala na testa de uma Megan pré-zumbi. 

Aliás, alguém acreditou mesmo que o Governador queria morar na prisão? Ele sabia desde sempre que o Rick não ia sair de lá, mesmo com as ameaças a Hershel e Michonne. Ele sabia também que, mesmo estando em maior número, não conseguiria vencer a prisão, uma vez que sua trupe tratava-se apenas de pessoas “de bem”. Tá, com exceção ao lunático do tanque, os demais eram bons por essência. 

Governador pede, Ricky não aceita. Governador ameaça, Rick bate o pé. Governador fica louco, Ricky se desespera. Governador decapita Hershel na frente de suas próprias filhas e Rick, desta vez, reage como deveria logo no início, mandando bala no Governador. Com o caos formado, tiros e lágrimas se misturam no cenário. Michonne, mesmo amarrada, sai de cena visando permanecer viva, enquanto o Governador termina o serviço em Hershel. O tanque invade a prisão atirando contra tudo e todos. Os próximos cinco minutos são de tensão pura, mortes, cenas fortes e até cômicas, como a de Daryl usando um zumbi como escudo e jogando uma granada no tanque inimigo. Até mesmo as crianças da prisão fazem valer seus treinamentos secretos e mandam bala nas ameaças desconhecidas, causando uma histeria generalizada nos personagens que presenciaram a cena e também em nós, meros telespectadores.

Enquanto a loucura corre solta na prisão, Rick e o Governador trocam chutes e socos no gramado agora já sem grades da prisão. E quando Rick parecia levar a pior, eis que Michonne aparece, já com a sua espada para empalar o Governador. Lilly, sua ex-aliada e amante, termina o serviço com um belo head shot em Phillip, ao maior estilo vingadora sem lei. O tiro final sem misericórdia do Governador em sua filha Morgan não passaria batido. 

Ao final, vemos que os sobreviventes da prisão venceram mais uma batalha, mesmo que com baixas consideráveis. A primeira delas, Hershel. A segunda – induzida por manchas de sangue em seu carrinho – Judith. A série nos faz acreditar que a bebê tenha morrido, mas sinceramente eu não acredito nessa hipótese. Mas a principal baixa deste episódio, com certeza, foi a prisão. A zona de conforto dos sobreviventes não existe mais. E agora todos serão obrigados a conviver juntos, em pânico constante, sem segurança e a mercê de todos os zumbis possíveis e imagináveis, em floretas, rodovias e vilarejos, ao melhor estilo The Walking Dead. Já estamos ansiosos pelo episódio 9 em fevereiro de 2014.

Ps1: Não gostei da cena em que Megan é mordida por um zumbi, enquanto brincava na lama. Em nenhuma situação de apocalipse zumbi, uma mãe deixaria a filha pequena brincar a menos de 2 metros do seu campo de visão. Mas ok, entendo que foi necessário...

Ps2: Tá certo que ela não poderia morrer, por ser fundamental na série. Mas um Governador com “misericórdia estratégica” por Michonne era a última coisa que eu esperava. O cara estava tão sangue nos olhos (quer dizer, no olho... rs) que a reação esperada ao ter Michonne em suas mãos era matá-la da pior maneira possível, sem pensar duas vezes. Se precisava de nossa guerreira para barganhar com a prisão, por que não a matou primeiro, ao invés de Hershel? Para a continuação e lógica da série, é óbvio que fez mais sentido a morte de Hershel do que de Michonne. Porém para a lógica dos personagens, não. Para o Governador, Hershel era um homem bom, já Michonne aquela que matou a sua filha e lhe tirou um olho. Será que ainda restaria dúvidas em quem matar primeiro? Para abrandar a falta de lógica, a morte poética do Governador, pelas mãos da própria Michonne. Intrigante. Confuso. Lindo.